segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Feliz Natal

 

Desejo a todos os leitores deste blog um Feliz Natal

e um maravilhoso ano de 2009.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Um mergulho

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Nada me cansa no rio ou no mar

Não tenho para onde voltar

Mas meu olhar está perdido na busca de tua imagem

No rio

Aprender com palavras sinceras as histórias daqui

Passear na superfície do espelho refletindo o fundo

Do céu

esperar o mergulho

Respirar com os botos a cada subida

Purificando a alma da poluição

Correndo em veias

E em veios

Como doem os ossos

Vem de dentro

da floresta

Com os peixes pra cima

É tempo de reprodução

cortas ao meio o meu coração e o da cidade

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E quando invades casas

Procurando largo abrigo

Sofro com tua pequena poesia

A inocência dos premeditados

Não tens calado

Escuto o silencio de tua ausência

Correndo

Caindo

Gota a gota rumo a foz

E a menina que espera

Cresce e a inocência

Vira intolerância

Pois é triste não ter mais com quem brincar no rio

todas as lembranças serão reencontro

Toda curva o mesmo lugar

Cada margem

Um outro lado

as lágrimas

Escorrem pelo esgoto do mercado

E no fundo sinto a lama que me prende

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E já não posso andar

Nadar

Voar

Quero dormir

Acordar do encanto

há tempo de partir

outro porto

a vida como o rio é bela

navegar...

Até a vista...

As sereias voltaram a cantar...

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26 de novembro de 2008.

Silvio Margarido

Fotografias de Talita Oliveira

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Anotações...

Vou escrever, a partir de hoje, algumas considerações e constatações sobre o processo de realização do documentário O Mergulho. Serão textos breves que procurarei mostrar as minhas impressões pessoais sobre todas as fases de construção do Documentário.

O Mergulho – da pré à foz.

A idéia original

Antes era o verbo. E o verbo disse... Faça-se a luz. Ação!

Amanhece o dia e eu pego minha mini-dv e vou até o rio Acre para uma primeira observação. Era o final do verão e algumas pequenas chuvas haviam desabado naqueles dias. Ainda no ônibus pensava no estado de degradação em que se encontrava o rio. Seco, vazio de água, mas repleto de lixo temperado pelo esgoto. Veio logo a vontade de pegar pesado na denuncia, campanhas de salvamento e outros arroubos ambientalista. Como podemos deixar o rio morrer? Ou pior ainda, estamos matando o rio.

Quando cheguei na margem do rio me senti estranho, estava furioso e de repente com a proximidade, a água correndo, barcos passando, pessoas nas pontes contemplando, aos poucos uma sensação de paz e prazer tomou conta e ali naquele momento tive contato com um rio que há muito eu não visitava. A memória foi a passagem que usei para viajar por praias, igarapés, com pescadores, catraieiros, meninos pulando da ponte. Percebi o quanto eu havia me distanciado do rio. Percebi que o rio estava morrendo era dentro de mim. Eu não reconhecia mais aquele rio, foi como um reencontro.

Este foi um momento de lúcida manifestação espiritual do rio na minha vida e principalmente no momento em que estava preparando a gravação de um documentário cujo personagem principal é o rio Acre. Outras tantas coincidências aconteceram, revelando aos poucos um rio bem diferente do que eu conhecia e do que eu imaginava conhecer. E tive um momento de grande esperança no processo ao me deparar cada vez mais com um rio vivo, muito vivo, embora maltratado. Mas as forças da natureza se encarregam de dar sempre um novo caminho, uma nova volta, um lago. O rio parece ser o maior veiculo de renovação da vida há muito tempo. Acho que o amor, o carinho, o encanto pelo rio não pode ser tratado somente com um discurso panfletário de que temos que salvar o rio que ta morrendo ou populista tipo... é assim mesmo, é ot progresso, etc... ou então aquele romantismo de que a cidade virou de costas pro rio. Um olhar um pouco mais atento e deixando aflorar as lembranças e desfrutando o prazer que a imagem do rio nos transmite seria um ótimo remédio para essa empatia.

O problema do rio Acre é o problema afetivo da população em relação a ele. Como me disse o Antônio Alves, este rio está se tornando um rio subterrâneo, muitos passam todos os dias sobre ele e não o vêem.

Silvio Margarido – 09/12/2008.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mergulhando pelo Rio Acre

Talita Oliveira


O Mergulho, documentário vencedor da edição 2008 do Programa DOCTV, entra em sua última semana de filmagem
O MERGULHO

foi o projeto vencedor da edição 2008 do programa DOCTV, que é uma iniciativa Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, TV Cultura e a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (ABEPEC), com o apoio da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD). O proponente e diretor deste documentário, é o cineasta acreano Sílvio Margarido e a produtora que assina a parceria é a VT Publicidade.
O filme documentário O MERGULHO navega sobre a afetividade das pessoas em relação ao Rio Acre, seja relação de amor, de necessidade, diversão, aversão ou indiferença. Através de depoimentos, memórias, histórias e silêncios, O MERGULHO mostrará a diversidade de relações e a vida pulsante que corre pelo rio (apesar do lixo e do esgoto, ela corre), por suas margens e por toda a cidade de Rio Branco.
A equipe de pré-produção do documentário composta por Silvio Margarido (diretor do filme), Sérgio Carvalho (diretor de produção), Mira Margarido (pesquisadora), Talita Oliveira (assistente de direção e produção),Dhárcules Pinheiro (fotógrafo), Nelvan (câmera) e Assis Freire (diretor de fotografia), trabalhou durante três semanas  levantando dados, ajustando roteiro, conhecendo os personagens e criando condições necessárias para o processo de filmagem.
As gravações inciaram-se no dia 16 de novembro, navegando pelas águas barrentas do Rio Acre. Nessa fase, somou-se a equipe: Val Fernandes (fotógrafa still),o carioca Pedro de Sá (técnico de som) e os assistentes de câmera e som, Sandro e Gerson. Durante duas semanas, a equipe acordou de madrugada, andou de catraia, batelão, de lancha, a pé, de carro, colhendo depoimentos, gravando cenas, registrando o curso do rio, suas margens e seus elementos. A equipe entra agora na terceira e última semana de gravação, onde ainda devem colher depoimentos como o do professor Claudemir Mesquita e do nosso conhecido Abrahim Farhat, o Lhé, além das crianças que moram as margens do rio e outras cenas que complementarão esta que promete ser uma belíssima produção audiovisual acreana.
Edição e finalização
Depois do término da última semana de filmagem, inicia-se o processo de decupagem do material gravado, ou seja, a seleção das cenas a serem usadas no filme. Já em janeiro do próximo ano, o editor carioca Léo Domingues vem a Rio Branco para trabalhar na edição do documentário. Léo Domingues, assim como o técnico de som Pedro de Sá, possui uma grande experiência com cinema, sendo o responsável pela edição do premiado documentário A pessoa é para o que nasce, do diretor Roberto Berliner.O MERGULHO tem seu lançamento oficial previsto para março de 2009.
Acompanhe a última semana de gravação e o processo de finalização do documentário através do blog:
http://omergulhoacreano.blogspot.com/
Contatos da Produção:
Talita Oliveira - 9214 0353/ 8114 2891
Sérgio Carvalho - 8407 5248

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Mergulhos


Quase no fim de uma semana um tanto quanto conturbada e cheia de imprevistos, partimos para uma das últimas viagens pelo Rio Acre. Na quinta-feira (27/11), saímos a procura do senhor Roberci, um ribeirinho que conhecemos no porto do mercado e que é um dos personagens do documentário. Muita chuva, lama e atoleiro no caminho, mas chegamos. A casa do senhor Roberci era do lado oposto do rio, mas bastou um grito "Senhor Roberci!",e ele pegou seu batelão e foi até onde estávamos para acertar a data da filmagem, e para nossa surpresa, teríamos que ir até a casa dele já no dia seguinte.


aprôa

Sexta-feira de manhã, muita correria para produzir a viagem até a casa do senhor Roberci, pois esta exigia uma estrutura maior já que iríamos de barco e dormiríamos na casa do senhor Roberci. Partimos por volta do meio-dia e, no caminho, paramos na casa do senhor Gentil para gravar uma entrevista com ele. A entrevista foi ótima, e a esposa dele, dona Marina, acabou participando da gravação também e ainda nos ofereceu um suco geladinho!

Pedro registrando a viagem

Saindo de lá, continuamos a navegar e durante a viagem o nosso diretor preparava nosso almoço... Estávamos todos ansiosos pela tal da macarronada. Também pudera, já passava das 14h...

o projeto de macarronada


Chegamos na casa do senhor Roberci já no fim da tarde, por volta das 17h, onde finalmente comemos a macarronada do diretor. E até que tava boa...


os filhos do senhor Roberci

Lá corremos para aproveitar a luz que restava do dia e já gravamos com o senhor Roberci e sua família. Armamos nossas redes em uma confortável casa de madeira que foi cedida pelo senhor Roberci, enquanto o sol caía num céu colorido.


nosso hotel cinco estrelas

o pôr-do-sol colorido





No outro dia, ainda de madrugada, acordamos e arrumamos nossas coisas para retornar a cidade.Por volta das 5h30min, a equipe se dividiu e Pedro, o técnico de som, e Assis, o diretor de fotografia, seguiram viagem no barco do senhor Roberci, enquanto o resto da equipe foi no barco de apoio.





A viagem foi tranquila e o filme daqui pra frente tem outro ritmo. Desistimos da BetaCam e agora estamos filmando em HDV. Mais movimento, aproximação, outra textura...









Fotos: Talita Oliveira e Pedro de Sá

domingo, 30 de novembro de 2008

Nó gódio

Uma pequena mostra do nosso mergulho nas duas semanas de trabalho.

 

O Rio ainda está lá a nossa espera

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então vamos apreciar o rio. afinar os os ouvidos e limpar os olhos...

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Eu, Pedro e Assis preparando um mergulho...

 

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Sobre os olhares de Dona Maria Juliar e Senhor Edson. Velhos moradores do rio...

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E assim, também, os vimos e ouvimos histórias de embarcados

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Enquanto recordavamos com Helio o velho rio...

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as maquinas chegaram para a construção de mais uma nova ponte...

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de onde eles resolver pular...

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e relembram diante de varios olhares...

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o que fábio gostaria de não ter acontecido...

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as crianças podem nos ensinar que os mergulhos são brincadeiras...

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levadas a sério...

 

 

fotografias de Val Fernandes

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Trocas poéticas



Estamos em trabalho intenso.


Domingo (16/11), começamos a filmar pra valer. Assis e Neovan filmam, Pedro faz a captação de som, Silvio dirige, Gerson e Sandro fazem a assistência de fotografia e som, Sérgio produz, Val fotografa e eu faço assistência de direção e produção. Uns dias são muito bons, outros são muito ruins, outros ali no meio termo, e assim vai... O humor de alguns variam, o calor irrita, a luz muda muito rápido, mas o trabalho tá se achando a cada dia.

Ao conversar com um amiga hoje, pergunto a ela sobre as emoções do agora. Ela me responde com um poema no qual apresento um pequeno fragmento:





... Não me venha com superfícies, nada raso

Eu quero é o mergulho.
Entrar de roupa e tudo no infinito q é a VIDA e rezar
– se ainda acreditar –
pra sair ainda
bem melhor do lado de lá...








Poema de Jackeline Oliveira





















Pra beira

Rema
nada
pra beira
que o banzeiro da cobra
embaixo do balseiro
pode balançar o barco
essa água tá correndo muito ligeiro
corre logo aqui
catraieira
não dá mais pra pescar
o boto cor de rosa tá querendo tomar
meu peixe
e namorar uma morena
será que dá pra pular
eu sei nadar
de bubúia...
até a outra ponte
ah...
deixar rolar
por onde o rio passar


*Inspirado em Pia Vila e Grupo Capú.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Rio Estranho

(Música de Pia Vila, Felipe Jardim e Romerito Aquino)

Acre, rio estranho,
cheio de curvas e barrancos.
Um rio torto que não vê o mar.
Um rio torto que não vê o mar

Mais que nunca, no inverno,
tuas águas vão rolar:
enche Bahia, Cadeia Velha, Cidade Nova
Aeroporto, Seis de Agosto e Palheiral.

Me ensina a viver, pra ver o tempo passar
e no barranco vou ficar a te mirar.
Me ensina a viver pra ver o tempo passar
e no barranco vou sentar e recordar.

Faz teu povo te considerar.
Ensina teu povo lutar e amar.

Vai valer a pena ter amanhecido...

Muito cedo, às 5 horas da manhã, toda equipe já estava na VT Publicidade. Aos poucos e sem muito alarde, a equipe foi pondo os equipamentos no doblô e conversando. Besteirol entre os papos de cabos e transcodificações.

Seria o nosso primeiro dia de gravações no rio. Eu não estava muito a vontade, um streezinho na noite anterior me fez dormir muito pouco. Assis e Neovan, os câmeras, com dois assistentes, Sergio e Talita cuidando do café e mais dois novos companheiros se juntavam a equipe: a footógrafaVal Fernandes, e o técnico de som Pedro de Sá. Pedro é uma novidade recentemente importada do Rio de Janeiro, e é um novo jeito de produzir que não estamos acostumados... Silêncio pessoal que agora estamos gravando um som de primeira!!

Equipe do MERGULHO esperando o batelão

Às 6 horas saimos ao ponto na Gameleira, próximo a bandeira, onde o batelão do sr. Edilson nos esperava.

-E aí Sr. Edilson?

-Vou só comprar o combustível!

No barco uma pequena conversa sobre o que seria o dia. Meu desconforto em começar um trabalho que já ha muito tempo tenho " ralado " parece que não foi percebido. Mas, vamos lá... agostaria mesmo era de não falar nada. Quando teremos desenvolvidos a capacidade de telepatias? Mas...

É o rio, água que corre e suas margens com barcos estacionados, as casa com suas privadas despejando no rio, pessoas trabalhando, etc... vamos lá... claquete! Que porra é essa? Ah é invenção dos cineastas profissiopnais pra não se perderem nas sequências que serão filmadas. Camera A, Camera B, sem monitor... Isso vai da merda. Já basta o strees de ontem... Enquadra assim.,faz movimentos assados... Silêncio pro Pedro gravar o ambiente. Putaquipariu, é só barulho de motor...

Sereia?


Diversão

Mas enfim... ao meio dia já estavamos na foz, como dizemos por aqui, na boca do Riozinho do Rôla. Acho que vai chover... beleza... tempos uma chuva no vídeo... lá vai o Sergio de barranco abaixo... Ih! o Pedro também.

Voltando do almoço

Chovendo no molhado


O pessoal parece que gostou da galinha caipira... Comí só feijão com arroz... Tô evitando carnes...

Banho nas agua barrentas...



Eu, por mim, me dou por satisfeito...

Tá só começando.


Fotos: Val Fernandes