Nada me cansa no rio ou no mar
Não tenho para onde voltar
Mas meu olhar está perdido na busca de tua imagem
No rio
Aprender com palavras sinceras as histórias daqui
Passear na superfície do espelho refletindo o fundo
Do céu
esperar o mergulho
Respirar com os botos a cada subida
Purificando a alma da poluição
Correndo em veias
E em veios
Como doem os ossos
Vem de dentro
da floresta
Com os peixes pra cima
É tempo de reprodução
cortas ao meio o meu coração e o da cidade
E quando invades casas
Procurando largo abrigo
Sofro com tua pequena poesia
A inocência dos premeditados
Não tens calado
Escuto o silencio de tua ausência
Correndo
Caindo
Gota a gota rumo a foz
E a menina que espera
Cresce e a inocência
Vira intolerância
Pois é triste não ter mais com quem brincar no rio
todas as lembranças serão reencontro
Toda curva o mesmo lugar
Cada margem
Um outro lado
as lágrimas
Escorrem pelo esgoto do mercado
E no fundo sinto a lama que me prende
E já não posso andar
Nadar
Voar
Quero dormir
Acordar do encanto
há tempo de partir
outro porto
a vida como o rio é bela
navegar...
Até a vista...
As sereias voltaram a cantar...
26 de novembro de 2008.
Silvio Margarido
Fotografias de Talita Oliveira
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