...Que cena infame e vil!...Meu Deus!...meu Deus! Que horror!
Castro Alves
Castro Alves...
sec...lamina e fundo
(porque a Inglaterra é um navio que DEus na Mancha ancorou)
apagada
luzes atrapalham as luzes e a fotofobia da gripe de poucos porcos
pipoca pra tossir
começa e ascendem a luz
apaga
pirulito
pra não esquecer
o que é bom de doer
o dente
ver
Mergulho na tenda
na beira distante
da rua
e do rio
só pra quem viu
Silvio Margarido
O Mergulho
Três jovens saltam da ponte para um mergulho insólito. O que podem encontrar nas escassas águas do rio Acre?
Nas histórias de Hélio, Abrahim e Quintela, a memória de um rio ausente, onde as chatinhas e os navios faziam a alegria da garotada com seus apitos estridentes. Tempo em que a cidade que surgia era abastecida de água e alimentos desse rio avenida principal. Tempo de varejar, remar nas ubás, enquanto a noite não vinha para com os amigos festejar a vida de improviso, com tardes de futebol e danças domingueiras a noitinha.
Mas esse rio passa levando os peixes e esperanças de Elias, que tenta inutilmente arrancar seu sustento em arrastões de redes vazias. O rio já não tem mais peixes, além disso, em certas épocas é proibido pescar.
Rosangela e Antônio se esforçam, com sua fé evangélica, para tirar da catraia seu sustento. Levando pessoas pra lá e pra cá, de uma margem a outra, enquanto a nova ponte não venha e as velhas catraias, aposentadas, balancem ancoradas no porto às ondas de velozes voadeiras e as escadarias de madeira, apodreçam mais a cada nova alagação.
Mas o rio continua a correr em barcos trazendo algum alimento pro mercado. Robercí traz de sua colônia bananas e a família para abastecer o mercado vizinho do grande esgoto.
Dragas devoram água e vomitam areia, quem sabe para a construção da nova ponte. A resignação de dona Maria Júlia e seu Edson , que cansados de navegar aportam na Cadeia Velha e depois de anos serão removidos pois, no lugar de sua casa, uma nova ponte.
Esgotos, corredeiras, escadarias, balseiros, pontes, pessoas.
Subindo ou descendo de barco, se vê quem navega e quem nas margens espera. Barcos que seu João constrói desde a infância e hoje, mesmo alquebrado pela idade, teima e colocar no rio para o transporte de quem tem vai descer, subir ou atravessar esse barrento rio.
Valeu a pena ter mergulhado? Só Fábio, Alisson e Elessandro poderiam nos contar. Na cama Fábio lamenta a sorte de talvez nunca mais andar. Noticias que se dão nos jornais.
Mas a esperança está estampada nos desenhos e poesias de crianças ribeirinhas que na escola reencontram o rio.
Poesia singela da inocência de Ana Rosa, esperando que algo de novo aconteça no velho rio.
Este é um olhar de quem esteve próximo, dentro deste rio por alguns meses na construção de uma história em um documentário de vídeo. Com o desespero de quem cai ou se lança na aventurar de mergulhar, e com a esperança de sair e vê-lo novamente passar. Passar numa tela projetado, em suas margens relembrar a ausência que sentiremos... Quando não pudermos mais lhar para esse rio.
O Mergulho será apresentado publicamente pela primeira vez na quinta feira, dia 4 de junho, às 19 e 30 na seis de agosto. Na Praça da cabeceira da passarela Joaquim Macedo, no 2º Distrito. estão todos convidado e, desde já, muito obrigado pela presença.
Silvio Margarido
01/06/2009
Caros Amigos,
O rio Acre é o protagonista do documentário O Mergulho, de Silvio Margarido, por meio de suas múltiplas representações presentes nos personagens que com ele se relacionam. Seja por meio do olhar daqueles que dele sobrevivem ou daqueles que nele tentam tirar suas vidas, o rio acompanha em suas margens a história de Rio Branco e seus moradores.
Currículo do Autor
Diretor, roteirista e produtor de diversos documentários e curtas-metragens de ficção. Também é poeta e músico.
Você é nosso convidado para assistir à pré-estreia do documentáro O Mergulho. Pipoca e refrigerante não vai faltar. Contamos com sua presença!
na pracinha
do outro lado do rio
uma margem de luz apagada
revela imagens do rio
do lado de cá
quem for ver
ha de sentar no chão
ou no ar
a tela branca projetar
um mergulho
na agua
que ja passou
ou vai passar...
até lá.
Saímos de Rio Branco, eu e Silvio Margarido, há uma semana atrás rumo a cá onde estamos: Rio de Janeiro.
Viemos para a cidade maravilhosa com a missão de concluir a edição, fazer correção digital de cor, legendar em português e espanhol, editar o som, compor a trilha sonora e fazer as cópias do filme no padrão DOCTV, que é em beta digital. A paisagem mudou, mas o trabalho não parou...
Nessa primeira semana concluímos a edição junto com o nosso editor Rodrigo Felha na produtora-casa do Eduardo Br, um lugar bem agradável no Jardim Botânico, onde podemos ver pequenos micos pulando de galho
O nosso mergulho nesse rio de janeiro deve se prolongar por mais duas semanas, tempo necessário para a conclusão dos trabalhos. Depois disso, retornaremos a Rio Branco e vamos cuidar da produção de um belo lançamento do filme!