domingo, 30 de novembro de 2008

Nó gódio

Uma pequena mostra do nosso mergulho nas duas semanas de trabalho.

 

O Rio ainda está lá a nossa espera

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então vamos apreciar o rio. afinar os os ouvidos e limpar os olhos...

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Eu, Pedro e Assis preparando um mergulho...

 

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Sobre os olhares de Dona Maria Juliar e Senhor Edson. Velhos moradores do rio...

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E assim, também, os vimos e ouvimos histórias de embarcados

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Enquanto recordavamos com Helio o velho rio...

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as maquinas chegaram para a construção de mais uma nova ponte...

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de onde eles resolver pular...

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e relembram diante de varios olhares...

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o que fábio gostaria de não ter acontecido...

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as crianças podem nos ensinar que os mergulhos são brincadeiras...

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levadas a sério...

 

 

fotografias de Val Fernandes

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Trocas poéticas



Estamos em trabalho intenso.


Domingo (16/11), começamos a filmar pra valer. Assis e Neovan filmam, Pedro faz a captação de som, Silvio dirige, Gerson e Sandro fazem a assistência de fotografia e som, Sérgio produz, Val fotografa e eu faço assistência de direção e produção. Uns dias são muito bons, outros são muito ruins, outros ali no meio termo, e assim vai... O humor de alguns variam, o calor irrita, a luz muda muito rápido, mas o trabalho tá se achando a cada dia.

Ao conversar com um amiga hoje, pergunto a ela sobre as emoções do agora. Ela me responde com um poema no qual apresento um pequeno fragmento:





... Não me venha com superfícies, nada raso

Eu quero é o mergulho.
Entrar de roupa e tudo no infinito q é a VIDA e rezar
– se ainda acreditar –
pra sair ainda
bem melhor do lado de lá...








Poema de Jackeline Oliveira





















Pra beira

Rema
nada
pra beira
que o banzeiro da cobra
embaixo do balseiro
pode balançar o barco
essa água tá correndo muito ligeiro
corre logo aqui
catraieira
não dá mais pra pescar
o boto cor de rosa tá querendo tomar
meu peixe
e namorar uma morena
será que dá pra pular
eu sei nadar
de bubúia...
até a outra ponte
ah...
deixar rolar
por onde o rio passar


*Inspirado em Pia Vila e Grupo Capú.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Rio Estranho

(Música de Pia Vila, Felipe Jardim e Romerito Aquino)

Acre, rio estranho,
cheio de curvas e barrancos.
Um rio torto que não vê o mar.
Um rio torto que não vê o mar

Mais que nunca, no inverno,
tuas águas vão rolar:
enche Bahia, Cadeia Velha, Cidade Nova
Aeroporto, Seis de Agosto e Palheiral.

Me ensina a viver, pra ver o tempo passar
e no barranco vou ficar a te mirar.
Me ensina a viver pra ver o tempo passar
e no barranco vou sentar e recordar.

Faz teu povo te considerar.
Ensina teu povo lutar e amar.

Vai valer a pena ter amanhecido...

Muito cedo, às 5 horas da manhã, toda equipe já estava na VT Publicidade. Aos poucos e sem muito alarde, a equipe foi pondo os equipamentos no doblô e conversando. Besteirol entre os papos de cabos e transcodificações.

Seria o nosso primeiro dia de gravações no rio. Eu não estava muito a vontade, um streezinho na noite anterior me fez dormir muito pouco. Assis e Neovan, os câmeras, com dois assistentes, Sergio e Talita cuidando do café e mais dois novos companheiros se juntavam a equipe: a footógrafaVal Fernandes, e o técnico de som Pedro de Sá. Pedro é uma novidade recentemente importada do Rio de Janeiro, e é um novo jeito de produzir que não estamos acostumados... Silêncio pessoal que agora estamos gravando um som de primeira!!

Equipe do MERGULHO esperando o batelão

Às 6 horas saimos ao ponto na Gameleira, próximo a bandeira, onde o batelão do sr. Edilson nos esperava.

-E aí Sr. Edilson?

-Vou só comprar o combustível!

No barco uma pequena conversa sobre o que seria o dia. Meu desconforto em começar um trabalho que já ha muito tempo tenho " ralado " parece que não foi percebido. Mas, vamos lá... agostaria mesmo era de não falar nada. Quando teremos desenvolvidos a capacidade de telepatias? Mas...

É o rio, água que corre e suas margens com barcos estacionados, as casa com suas privadas despejando no rio, pessoas trabalhando, etc... vamos lá... claquete! Que porra é essa? Ah é invenção dos cineastas profissiopnais pra não se perderem nas sequências que serão filmadas. Camera A, Camera B, sem monitor... Isso vai da merda. Já basta o strees de ontem... Enquadra assim.,faz movimentos assados... Silêncio pro Pedro gravar o ambiente. Putaquipariu, é só barulho de motor...

Sereia?


Diversão

Mas enfim... ao meio dia já estavamos na foz, como dizemos por aqui, na boca do Riozinho do Rôla. Acho que vai chover... beleza... tempos uma chuva no vídeo... lá vai o Sergio de barranco abaixo... Ih! o Pedro também.

Voltando do almoço

Chovendo no molhado


O pessoal parece que gostou da galinha caipira... Comí só feijão com arroz... Tô evitando carnes...

Banho nas agua barrentas...



Eu, por mim, me dou por satisfeito...

Tá só começando.


Fotos: Val Fernandes


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Por quem os sinos dobram ?

A frase tatuada no braço de Fábio Andrade traduz sua vida. Desde pequeno trabalhou como estivador , quando perguntei lhe sobre a infância e sua relação com o Rio Acre foi direto : " não tive infância, trabalho desde pequeno com minha vó", continuou .Fábio é um dos personagens do filme " O MERGULHO" . Também é um dos três jovens que pulou da ponte . Fábio está paraplégico. Aos 27 anos, com a cabeça cheia de birita, depois de um desafio entre os outros dois amigos, resolveu mergulhar no Rio Acre, da ponte com mais d 50 mts de altura, no rio seco.Ainda na água, para respirar, preocupou - se com o tênis novo que escapou do pé e descia rio abaixo. Foi puxado para as margens pela polícia que pensou em dar umas porradas nele e que jogou sua carteira com todos os documentos no rio. Só não apanhou pois um dos policiais se sensibilzou e conveceu o companheiro a não lhe encher de porrada. Enquanto curiosos o cercava , Fábio percebeu que não sentia as pernas.No pronto socorro, Fábio ainda consegiu ver um outro jovem que também cairia da ponte, um assaltante, morto pela policia. Chegou agonizando no hospital e morreu do seu lado. Fábio então não dormiu mais, temia a morte.O atendimento a partir daquele dia foi o pior possível. Teve ferros colocados no fêmur quebrado, nem precisou de anestesia, pois não sentia dor. Teve alta.Foi mandado pra casa aonde está agora numa cama, na sala. A casa é simples. Sem infra nenhuma para um deficiente.Fábio tem esperanças de voltar a andar e sente muitas dores na coluna. O pé está atrofiando e a voz é mansa suave, mas nunca conformada.
Durante a entrevista Fábio disse que trabalha desde cedo , pois sempre quis ser independente. Pensei em perguntar como ele se sentia agora, dependendo de todos o tempo todo. Não ousei.Ficou a porrada em nossos estômago.
Até aonde podemos ir e fazer alguma coisa?
Por quem os sinos dobram ?

* por Sérgio de Carvalho

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ah... o fotógrafo!

O Cara fica o tempo todo fotografando os outros e ninguém faz uma foto dele?

Um grande amigo e colaborador nesse processo foi o Dhárcules Pinheiro.

A foto é minha, que não sou lá um grande fotografo, mas aí vai...

 

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Foto de Silvio Margarido

...fim da pré....

Estamos chegando no final de umas das etapas da realização de "O Mergulho".

A Equipe foi ótimo, o empenho foi total e graças a Deus estamos concluindo

esta parte para iniciar as gravações.

Agradeço a todos e espero que tudo continue correndo bem como foi até aqui.

A équipe era formada por Silvio Margarido,Talita Oliviera, Sergio Carvalho, Mira Margarido, Dharcules Pinheiro, Neovan e

Assis Freire, além dos amigos e funcionários da VT Produções.

Esta foi nossa pequena equipe nesses dias...

Perfil equipe 016

Eu, Talita ( Assistente de Produção) e Sergio ( Diretor de Produção).

Perfil equipe 044

Mira Margarido na pesquisa

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Talita (Produção), Neovan (Betacam) e Assis Freire (HDV)

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Sergio Carvalho nosso Diretor de produção

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A Equipe na nossa pequena sala na VT produções...

Todas as fotografias acima são do fotografo Dharcules Pinheiro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Amigos

Momento de reencontro entre velhos amigos. Elissandro e Fábio deram um

mergulho para o desconhecido. Fábio encontra-se imobilizado em cima

de uma cama sendo cuidado pela mãe. Estranhamente uma tatuagem em seu

braço mostra o seu atual momento...

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Foto de Dhárcules Pinheiro

detalhe

A cidade e o rio

Como uma serpente o rio cruza a cidade. Ou foi a cidade que crruzou o seu caminho?

Rio Branco cresceu muito nos ultimos 30 anos e este crescimento trouxe para o rio uma nova

realidade...

R. 08

Acervo do Departamento de Patrimônio Histórico - FEM

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O Mergulho na TV Gazeta

Hoje a tarde, a convite da da TV Gazeta, o diretor do documentário, Silvio Margarido e o diretor de produção, Sérgio Carvalho, concederam entrevista para o programa Gazeta Entrevista, que tem Alan Rick como apresentador. Os diretores falaram sobre o a idéia do documentário, sobre o DOCTV, o processo de pré-produção, além de um papo breve sobre a mais recente produção ficcional do diretor geral, que se chama "Marta a Morta".

O Mergulho em entrevista

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fábio

Fábio foi um dos três jovens que saltaram da ponte no rio.

Este mergulho trouxe consequências trágicas para ele, mas não é só o sofrimento

que está escrito em seus olhos.

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Foto de Darhcules Pinheiro

Trabalhando...

Assis Freire, Diretor de Fotografia experimenta com sua HDV.

O Mergulho (67)

A pesquisa com duas câmeras diferentes nos deu a segurança para escolher...

Estamos entre A Sony HDV e Betacam... Optamos pela Beta.

O Mergulho (58)

Fotos de Darhcules Pinheiro

Outros personagens

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Abrahim e Silvio

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Abrahim e Adão

Foto de Talita Oliveira

Descendente de Árabes, Abrahim Faraht também fala sobre a memória do rio.

Dos regatões, das brincadeiras de criança e da Cobra Grande... Poesia.

 

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Foto Mira Margarido

Este casal já morou dentro do rio, como eles dizem, embarcado. Depois de anos

morando nas margens vão ter que sair para dar ligar a mais uma ponte.

Afetivo

Lindo momento de carinho entre mãe e filhos no rio Acre

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Robecí Gomes Castelo e sua família vêm toda semana trazer a produção de

frutas e legumes, produzidos em sua colônia no Catuaba, para vender nas

margens do rio, próximo ao mercado.

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Fotos de Talita Oliveira

Breve...


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O mergulho

A casa é simples, de madeira, no meio da lama no bairro Vitória. Fomos só eu, Silvio e Elissandro( o outro rapaz que mergulhou). O resto da equipe ficou no carro, o contato deveria ser o mais tranquilo possivel.
Dificil falar em tranquilidade diante da situação que presenciamos. O jovem nú, a não ser por um pequeno lençol lhe cobrindo, uma sonda urinária e a cama no meio da sala. O rapaz não anda mais.
Vem o grande baque, o documentarista frente a seu personagem, a sua tragédia. Inúmeras questões éticas e conceituais. Como abordar ? Como não cair no lugar comum ?
A mãe de Fábio, este é seu nome, falou o tempo todo, abriu sua casa e seu drama para nós, que atentos, buscavamos fôlego.
Está desempregada, o marido doente e as dificuldades são inúmeras. Desde a falta de grana, a rua enlameada, a locomoção do rapaz. Um desabafo, uma esperança.
Silvio deixou claro que faremos o possivel para ajudar , sem criar esperanças. O rapaz então reclamou das dores que sofre e disse que pode participar do documentário. Sua história, seu mergulho, o rio.
Fala manso, calmo, triste. Sua relação com o rio foi trágica.
No fim de nosso encontro, o outro rapaz que também participou do mal sucedido mergulho no Rio Acre quase seco, segurou lhe as mãos, parecia ter compreendido a dramaticidade da situação do amigo e ficou ali uns 15 minutos, ouvindo o amigo falar de suas dores.
Saímos secos dali. Pensando o que podíamos fazer. Concluimos que o melhor no momento é encontrar um bom médico para ele, a fim de ter uma avaliação mais precisa de sua situação.
Desta vez o mergulho foi profundo em águas rasas.

Helio Kouri - " O Velho e o rio..."

O velho amigo Helio conversa com Talita. Desde Xapurí ele é um velho amigo dos rios e será um dos nossos contadores de histórias... muitas coisas mudam no rio, muitas mudaram...muitas memórias permanecem

Foto: Dhárcules Pinheiro

domingo, 9 de novembro de 2008

Continuamos na pesquisa...

No sábado saimos para mais uma pesquisa e como sempre tem acontecido,

novos personagens tem se apresentado para o Mergulho.

O Mergulho (131)

Vista das pontes no centro da cidade

O Mergulho (31)

Equipe caminhando pelas ruas do bairro Cidade Nova

O Mergulho (12)

Luis Avelino é catraieiro ha 11 anos na Cidade Nova

O Mergulho (70)

Rosangela Martins, catraieira, pescadora, ribeirinha... o rio é o seu sustento e

sua vida.

O Mergulho (129)

As casa pendem no barranco... a qualquer momento, com a alagação, elas podem

também fazer o seu mergulho...

O Mergulho (136)

Infelizmente este também é um dos nossos personagens

O Mergulho (128)

O Rio Acre e o símbolo da nossa terra...

Fotos: Dhárcules Pinheiro

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Alagação

Na época das chuvas, o nossso chamado inverno, o rio sobe tanto que chega a

alagar alguns bairros e ruas da cidade...ha muito tempo é assim.

RBA 89

Acervo do Departamento de Patrimônio Histórico da FEM

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Catraieiros

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Talita clicando um dos trabalhos mais tradicionais do rio. Com a construção da primeira

ponte pensava-se que este trabalho ia desaparecer, mas mesmo com mais tantas outras

eles continuam a levar as pessoas de uma margem a outra.

A cidade de costas pro rio

 

O mercado é uma prova de como o rio foi abandonado. Parece que a cidade virou de costas para o rio.

 

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Foto Silvio Margarido

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Possíveis personagens....



Desde da última quinta-feira (30), a equipe do Mergulho anda zanzando por aí atrás de gente que gosta de contar história, gente que gosta do rio, gente que precisa do rio, gente que vive dele, gente que passe por cima, que passe por baixo, pelos lados, voando... E eis que estamos facilmente encontrando várias pessoas bacanas. Olha só algumas delas:


Aldemir Moraes Lima (1)
Construtor de barcos

Nasceu no Seringal Laranjal, em Tarauacá-AC. Com 8 anos de idade, o senhor Aldemir construía barcos pequenos, de brinquedo. Como era muito curioso, observava os mais velhos que construiam barcos e assim foi aprendendo. Aos 14 anos, comprou sua colônia e começou a se sustentar sozinho, através do ofício de construir barcos. Aldemir gosta do rio e, na sua opinião, o rio está bom.






Eurico Brás Rocha (2)
Agricultor
Morador da colônia Santa Rita, planta frutas e verduras e, de 15 em 15 dias, vai até o mercado para vender sua produção na Feira Orgânica. Na opinião do senhor Eurico, o rio já não está tão bom quanto antes.Ele acredita que uma das causas da degradação do rio sejam as 'dragas' que puxam areia do fundo do rio.






Antônio Viana de Araújo (3)
Catraieiro
Trabalha no catraia da 6 de Agosto pelo menos 4 dias na semana. Ele teme que a construção da ponte da 6 de Agosto prejudique o trabalho dos catraieiros.









João Erculano de Albuquerque (4)
Construtor de barcos

Nasceu em Tarauacá-AC e faz barco desde os 7 anos de idade. Sua mãe não gostava, mas seu pai sempre apoiou, pois tinha fé que esse ia ser o trabalho do filho. Senhor João já foi seringueiro, pescador, e hoje em dia trabalha com serviços de carpintaria e construção de barcos. Na opinião do senhor João, o rio continua bom como sempre foi.






Francisco das Chagas Marques da Silva (5)
Pescador
Francisco, 69 anos, nasceu em Tarauacá-AC. Antigamente pescava mais, somente pro seu consumo. Porém, hoje em dia ele quase não pesca , pois conta que há pouco peixe no rio. Segundo ele, a liberação de licença para pescar , emitida pelo governo, contribuiu para diminuir o número de peixes, pois com a licença surgiram mais pescadores.






Senhor Elias da Silva (6)
Pescador
Elias pesca desde 1993, e tira do rio o seu sustento. Reclamou que os comerciantes não estão valorizando o peixe, querendo comprar dos pescadores por um preço muito baixo. Diz ainda que a profissão de pescador não é fácil e muitas vezes o lucro que ganha é tão pouco que nem dá pra comer.










Fotos: 1,4 e 5 - Dhárcules Pinheiro

2,3 e 6 - Talita Oliveira